Privatização da TACV: PAICV denuncia processo pouco transparente e ameaça levar o Governo ao Tribunal

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) posiciona-se, em conferencia de imprensa realizada, neste sexta-feira, na Praia, contra ao anúncio do Governo de mandar retirar a Transportadora Aérea de Cabo Verde (TACV) dos voos internos e regionais. É que, segundo denuncia o vice-presidente do maior partido da oposição, essa decisão constitui uma primeira fase da liquidação da companhia de bandeira cabo-verdiana, num processo “atabalhoado e precipitado, pouco transparente e sem visão estratégica”, movido por pressões externas e interesses alheios aos de Cabo Verde. Por isso, Nuías Silva anuncia que o PAICV vai pedir um debate de urgência sobre a matéria na sessão parlamentar que começa a 29 deste mês e solicitar a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Tudo com fito de clarificar todos os meandros que nortearam esta decisão/negociação e apurar as responsabilidades, isto sem descartar a hipótese de recorrer às instâncias judiciais.


Para o vice-presidente do maior partido da oposição, o actual Governo, com as medidas anunciadas, inicia um processo de liquidação da TACV, contrariando todas as promessas eleitorais e o próprio Programa do Governo de Ulisses Correia e Silva.

“O que o Governo faz, com esta medida inesperada e sem dar nenhuma explicação, de retirar os TACV dos voos internos e regionais, é entregar Binter, em regime de monopólio privado, as rédeas deste sector crucial para o desenvolvimento de um país insular e arquipelágico - garantia da unidade territorial, através da ligação com as comunidades cabo-verdianas espalhadas pelo mundo e, enfim, a soberania do país”, desabafa.

Diante desta situação, Silva antecipa que o seu partido vai pedir “imediatamente” o agendamento de um debate de urgência no Parlamento, já nesta sessão que começa a 29 deste mês, e solicitar ao mesmo tempo a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Tudo no sentido da clarificação de todos os meandros que nortearam esta decisão/negociação e apurar as responsabilidades. Mais: «caso constatar indícios de que os interesses nacionais não foram protegidos, o PAICV não descarta a possibilidade de recorrer às Instâncias Judiciais. Somos um Partido que pugna pela transparência, negociação séria, defendendo sempre os superiores interesses do Estado de Cabo Verde”, aviso o poltico.

O jovem dirigente tambarina, que é também eleito nacional, é da opinião que os processos de privatização devem ser feitos com transparência, com lisura, em defesa dos superiores interesses do Estado e com envolvimento e informação completa e fidedigna aos Órgãos de Soberania, aos Parceiros Sociais e aos funcionários.

Incapacidade do PM e não solução

“É lapidar que é o Governo do MPD, liderado pelo Dr. Ulisses Correia e Silva, o principal responsável pelo desmantelamento e pela liquidação dos TACV, mandando (sem djobi pa lado) centenas de funcionários para o desemprego, por manifesta incapacidade de gerir pressões internacionais e de negociar com os parceiros as melhores soluções para o país”, aponta.

Por causa dessa situação, o PAICV denuncia este facto e exige explicações do MpD sobre os meandros da negociação deste processo. Contudo, Nuías Silva considera que esta medida foi tomada por cedência do actual Governo sob pressão externa e jogos de interesse, “de forma precipitada e sem a devida ponderação, sem uma visão estratégica, mas com o intuito imediatista de recuperar a ajuda orçamental bloqueada pelo Banco Mundial”.

Nesta óptica, Silva acautela aos cabo-verdianos que estas medidas tomadas pelo Governo do MpD são uma espécie de curto-circuito no processo e dinâmica de desenvolvimento do país – “que abdica de uma estratégia clara de Cabo Verde desempenhar um papel importante como Hub Aéreo na nossa sub-região para ver outros ocuparem esta posição». Pois, segundo ele, o MPD demonstra uma falta de visão estratégica, uma gestão pouco transparente da coisa pública, ao ponto de ter encontrado, como única solução para os TACV, a sua liquidação.

“Aliás, o actual Governo anunciou a liquidação da TACV sem saber com quantos aviões se irá operar no mercado doméstico e, muito menos, no mercado internacional, sem saber quantos funcionários irão ser absorvidos pela Binter, e quantos funcionários serão despedidos, mormente, quanto vai custar a realização do capital na nova companhia aérea”, conclui Nuías Silva.

Celso Lobo


Categoria:Noticias

Deixe seu Comentário