Líderes dos países não-alinhados querem maior cooperação face às crises internacionais

A cimeira começa segunda-feira com conferências preparatórias para a reunião de chefes de Estado e de Governo, marcada para sexta-feira e sábado.

"A cimeira tornar-se-á uma plataforma para a cooperação e a segurança globais e para a promoção dos nossos objetivos comuns", afirmou o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, em novembro passado.

"O Uganda está pronto para mostrar a sua hospitalidade e contribuir para o sucesso da cimeira", acrescentou Museveni, que está no poder desde 1986.

Desde a criação da MNA, em 1961, esta é a sexta vez que os 120 Estados membros se reúnem num país africano, depois das cimeiras na Zâmbia (1970), Argélia (1973), Zimbabué (1986), África do Sul (1998) e Egito (2009).

Desta vez, o fórum realizar-se-á no Centro de Convenções Speke, um hotel bucólico nas margens do Lago Vitória, com um auditório com capacidade para 4.400 pessoas e 12 salas de conferências.

Neste canto sul de Campala, os líderes discutirão questões como a segurança global, a luta internacional contra o terrorismo, a migração, as crises humanitárias e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, entre outras, sob o tema "Aprofundar a Cooperação para uma Riqueza Global Partilhada", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros ugandês, Jeje Odongo.

Além disso, Museveni tornar-se-á o novo presidente rotativo do MNA, um cargo ocupado desde 2019 pelo presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.

O Uganda vai receber líderes de todo o mundo, embora ainda não exista uma lista oficial de participantes.

O MNA, uma das maiores organizações de Estados do mundo, é composta por 53 países de África, 39 da Ásia, 26 da América Latina e das Caraíbas e dois da Europa.

"Vamos acolher 168 delegações de 135 países, bem como um grande número de organizadores internacionais e Estados observadores", disse o secretário permanente do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Vincent Bagiire.

A cimeira surge numa altura em que, face a crises internacionais como a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza ou o conflito da Rússia na Ucrânia, o Sul Global exige uma maior voz nos organismos internacionais, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, para o qual pedem uma reestruturação.

De facto, espera-se que a cooperação Sul-Sul seja outro dos principais temas da cimeira, com as conversações a começarem segunda-feira com reuniões de altos funcionários dos países do MNA, antes das ministeriais agendadas para quarta e quinta-feira.

A cimeira de chefes de Estado e de Governo terá início com os discursos de Museveni, Aliyev, do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e do secretário-geral da ONU, António Guterres, entre outros, de acordo com um programa provisório enviado hoje à EFE pelos organizadores.

Para garantir a segurança de todos os participantes, o Uganda criou um forte dispositivo de segurança, encerrando estradas e impondo restrições de acesso às áreas próximas do Centro de Convenções Speke.

A segurança é uma das principais prioridades do Uganda, depois de as embaixadas de alguns países ocidentais, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido, terem alertado para a possibilidade de ataques terroristas no país.

Nos últimos anos, o grupo rebelde Forças Democráticas Aliadas (ADF), com sede na vizinha República Democrática do Congo (RDC) e com ligações pouco claras ao Estado Islâmico (EI), tem efetuado ataques esporádicos em solo ugandês.

Mas a presidente do comité organizador da cimeira, Lucy Nakyobe, sublinhou esta semana que "o país está seguro e pronto para receber visitantes internacionais".

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