Colmeia/10 Anos: Presidente diz que apesar dos ganhos serem “satisfatórios” falta ainda muito a fazer

Isabel Moniz, que falava à Inforpress sobre o 10º aniversário da Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais (Colmeia), celebrado a 16 de Abril, começou por agradecer a todos os parceiros, pessoas individuais, colaboradores, aos pais e encarregados de educação por tudo aquilo que fizeram e tem feito em prol das crianças, jovens e das respectivas famílias.

Entre os ganhos, destacou o trabalho de sensibilização desenvolvido junto das próprias famílias no sentido de entenderem e conhecerem melhor quando o filho está com algum sinal de que pode ter alguma deficiência ou alguma adversidade e o serviço de habilitação e de reabilitação com sete especialistas montado pela Colmeia.

“Neste momento, podemos dizer que em termos de respostas estamos, de facto, felizes porque durante estes anos conseguimos ter crianças nas escolas, com diagnósticos, estimulados a aprender e a fazer um trabalho com as famílias no sentido de não fecharem as crianças dentro de casa, independentemente de as respostas serem insuficientes”, precisou.

Outro avanço, segundo disse a presidente, tem a ver com a protecção social das famílias com crianças e jovens com deficiência, com o aumento de mais 25 sessões de fisioterapia, mas sublinhou que é preciso ter ainda mais especialistas, um serviço de intervenção precoce e ter mais comparticipação em outras terapias a nível do Instituto Nacional de Previdência Social.

Outro destaque, realçou Isabel Moniz, é o trabalho desenvolvido a nível do despiste vocacional, formação profissional e inserção sócio profissional destinado aos jovens que não tiveram aproveitamento no passado, mesmo em termos de escola e em termos de habilitação.

“Temos jovens que já concluíram e estão empregados, já temos jovens capazes de fazer uma peça de artesanato, já temos jovens com formação na área de panificação”, sublinhou a presidente que considerou que neste aspecto o trabalho é satisfatório.

Segundo esta responsável, neste momento a associação já dispõe de uma base de dados internos, que lhe permite saber quantas crianças e adolescentes têm o espectro de autismo, Síndrome de Down, outras deficiências e quantas ainda estão sem diagnóstico.

Na mesma linha, assegurou que conseguiram apoiar 72 famílias com apoio de transportes para o serviço de reabilitação dos seus filhos, fazer um trabalho de empoderamento das famílias, permitindo ter alguma fonte de rendimento, melhorias em termos de legislação, sensibilizar os poderes públicos, mas reconheceu que falta ainda muito a fazer.

“Nós precisamos de recursos, o nosso grande problema, neste momento, tem a ver com recursos, porque nós continuamos ainda a receber, do Governo, 87.750 escudos mensais que é para pagar salários, despesas de funcionamento e se não tivermos projectos financiados pelos parceiros a Colmeia neste momento estaria fechada”, referiu.

Conforme adiantou Isabel Moniz, a falta de recursos e alargar o serviço de respostas às outras ilhas constitui um dos desafios da Colmeia, que neste momento beneficia mais de 620 pessoas e os seus familiares e assiste regularmente mais de 160 crianças e jovens.

“Nós, durante estes 10 anos, temos vindo a sensibilizar os poderes públicos na criação destas respostas, mas ainda não conseguimos na totalidade que essas respostas sejam cumpridas, ou sejam dadas, tendo em conta que é uma política pública, onde qualquer ser humano poderá precisar”, avançou

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