Aviso da China. Mísseis dos EUA na Ásia-Pacífico terão retaliação

No sábado, o novo secretário norte-americano da Defesa, Mark T. Esper, manifestou a expectativa de ver ensaiados e instalados na região da Ásia-Pacífico, dentro de meses, mísseis convencionais de médio alcance - decisão enquadrada pelo recente abandono do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, que vinculava Estados Unidos e Rússia desde os anos da Guerra Fria.

Já no domingo, foi no Twitter que Esper decidiu imputar às autoridades chinesas “um padrão perturbador de comportamento agressivo” que “desestabiliza a região”.
Pequim respondeu esta terça-feira pela voz de Fu Cong, diretor do Departamento de Controlo de Armamento do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

“A China não ficará de braços cruzados e vai ser obrigada a tomar contramedidas, se os Estados Unidos utilizarem mísseis terrestres de alcance intermédio nesta parte do mundo”, advertiu Cong, que sugeriu também “prudência” aos tradicionais aliados de Washington na região: Japão, Coreia do Sul e Austrália.

Questionado, em conferência de imprensa, sobre o escopo de eventuais medidas retaliatórias, o responsável chinês foi lacónico: Pequim mantém, neste contexto, “tudo sobre a mesa”.

A hipótese mais sólida para a instalação de novas baterias de mísseis norte-americanos é a Ilha de Guam, no Pacífico. “Às portas da China”, na perspetiva do Governo de Pequim.

“Se instalarem mísseis sobre um pedaço de terra como Guam, isso será encarado como um gesto altamente provocador por parte dos Estados Unidos. Isso seria muito perigoso”, advertiu ainda o diretor do Departamento de Controlo de Armamento.

Guam localiza-se a aproximadamente três mil quilómetros da China. Ainda assim, Fu Cong quis recuar a 1962, quando estalou, no seio da Administação Kennedy, a crise dos mísseis soviéticos instalados em Cuba – a 150 quilómetros do território norte-americano. Os acontecimentos são, para a diplomacia de Pequim, comparáveis.
“Nova prova de unilateralismo”

Esta tomada de posição da China é assumida menos de uma semana depois de os Estados Unidos, pela mão da Administração de Donald Trump, terem deixado cair o tratado INF, celebrado em 1987 entre o então Presidente norte-americano, Donald Reagan, e o secretário-geral da União Soviética, Mikhail Gorbachev.

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