Ex-Presidente do Quirguistão planeava golpe de Estado revelam serviços de segurança

"A intenção era um golpe de Estado, digo isto oficialmente", disse Orozbek Olubaiev, em conferência de imprensa.

O ex-Presidente do Quirguistão foi detido em 08 de agosto, após violentos confrontos entre a polícia e apoiantes, e um dia após uma tentativa de detenção de Atambaiev fracassada, que causou um morto e cerca de 80 feridos.

A degradação da situação política interna está a suscitar receios de um conflito de maiores proporções nesta antiga república soviética, com cerca de 6,3 milhões de habitantes e que faz fronteira com a China.

O Quirguistão alberga uma base aérea militar russa e registou duas revoluções em 2005 e 2010.

Os dois primeiros Presidentes do Quirguistão após a independência, em 1991, foram afastados do poder na sequência de tumultos.

Após uma primeira tentativa de assalto que degenerou num intenso tiroteio, cerca de mil elementos das forças de segurança regressaram no dia seguinte à residência do antigo chefe de Estado, indiciado por corrupção e que entrou em conflito com o sucessor e ex-delfim, Sooronbai Jeenbekov.

Almazbek Atambaiev, de 62 anos, Presidente entre 2011 e 2017, foi indiciado pela justiça do país, no final de junho, por corrupção. A imunidade na qualidade de antigo chefe de Estado foi retirada pelos deputados.

O antigo chefe de Estado é suspeito de "compra ilegal de terras" e de ter libertado um membro de um clã mafioso, acusações que considerou uma manobra política do atual Presidente e rival.

No final do mandato, Almazbek Atambaiev, através de movimentações políticas, conseguiu impor a candidatura de Sooronbai Jeenbekov, mas as relações entre os dois homens degradaram-se rapidamente.

O conflito pessoal poderá implicar graves distúrbios nesta república da Ásia Central, caracterizada por frequentes tensões étnicas.

Em junho, Atambaiev deslocou-se à Rússia, país aliado do Quirguistão, onde foi recebido por Vladimir Putin, sendo na ocasião sugerido que poderia solicitar asilo político.

No encontro, o Presidente russo manifestou o receio de possíveis tumultos e defendeu a "estabilidade política" num país com crises recorrentes.

"Infelizmente, o conflito atingiu nos últimos dias um patamar de perigo", advertiu o chefe dos Serviços de Informações Externos da Rússia (SVR, na sigla em língua russa), Serguei Narychkine, citado pela agência noticiosa estatal RIA-Novosti.

O primeiro Presidente da história do Quirguistão Askar Akayev encontra-se exilado em Moscovo, desde que foi derrubado na designada "Revolução da Túlipas" de 2005.

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