Moçambique: Insegurança alimentar vai afetar dois milhões de pessoas


"Depois da passagem dos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique, milhares de pessoas estão em risco de surtos de doenças e degradação da segurança alimentar durante a estação de chuvas que se aproxima", lê-se numa nota divulgada pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), que aponta que a insegurança alimentar deve afetar dois milhões de pessoas no princípio do próximo ano e quase 38 mil crianças estão já ou em risco de má nutrição.

No documento citado pela Lusas, a IFRC acrescenta que os estragos causados pela água nos sistemas de saneamento e nas estruturas de higiene são, em parte, responsáveis pelo aumento dos riscos de saúde e aponta que as comunidades nas áreas mais pobres e nas regiões perto da Beira têm estruturas de saneamento e higiene desadequadas, o que expõe as famílias às doenças.

“A estação das chuvas será uma ameaça real para a saúde destas comunidades, que estão já extremamente vulneráveis", alerta o Secretário-geral adjunto para as Parcerias da IFRC, Jemilah Mahmood, sublinhando que os desastres futuros são inevitáveis. “Não os podemos evitar, mas podemos reduzir, significativamente, o seu impacto se investirmos na capacidade humana local, ao aumentar o saneamento e as práticas de higiene e as infraestruturas, construindo abrigos mais fortes que possam proteger das tempestades climáticas", disse.

Para este responsável, o impacto dos ciclones deve-se, em grande parte, à falta de capacidade de prevenção e de investimentos anteriores aos desastres naturais e à falta de programação política. "Esta é uma das lições mais dolorosas e pertinentes para Moçambique. Os investimentos na preparação são críticos para reduzir o sofrimento humano e para salvar inúmeras vidas. Por isso, apelamos aos governos, aos doadores e aos atores humanitários, no sentido de fazerem mais na prevenção e na redução dos futuros desastres aqui em Moçambique", concluiu.

De referir que a Cruz Vermelha está a trabalhar junto das comunidades afetadas para preparar a estação das chuvas, através da reconstrução de casas resistentes às inundações e aos ventos, apoiando as comunidades na prevenção de surtos de doenças e ajudando os agricultores a semearem colheitas mais fortes para combater a insegurança alimentar, tendo já dado assistência a mais de 192 mil pessoas.

Recorde-se que um total de 714 pessoas morreram e mais 2,8 milhões foram afetadas por calamidades naturais durante a época das chuvas de 2018/2019, um período marcado pela passagem de dois ciclones de máxima intensidade (Idai e Kenneth) em Moçambique.


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