Presidente do ICIEG defende que com política voltada também para os homens é possível atingir a igualdade

A presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género (ICIEG), Rosana Almeida, defende que com uma política também voltada para os homens, é possível atingir a igualdade na sociedade.

Em declarações à Inforpress, no âmbito de uma capacitação em “Igualdade de Género e masculinidades positivas”, destinada aos jovens rapazes das Aldeias SOS de Cabo Verde, que decorre esta terça-feira, 22, via plataforma zoom, Rosana Almeida explicou que o ICIEG traçou a estratégia como forma de trabalhar, também, com os homens, esta questão de igualdade.

“Não se pode querer atingir a igualdade, ou uma sociedade com menos violência baseada no género, com uma política voltada só para as mulheres”, justificou, avançando que é preciso envolver, principalmente, os homens porque, segundo ela, está-se “numa sociedade estereotipada e machista, e que esta própria cultura está incutida na educação”.

“A forma como se educa os filhos acaba-se por transmitir uma cultura estereotipada”, avançou, defendendo que a igualdade do género só pode ser ganha quando, de facto, os homens forem envolvidos em novas masculinidades, visando trabalhar questões como a paternidade, violência e ensinar aos rapazes a responderem com menos violência.

A formação destinada aos jovens rapazes das Aldeias SOS de Cabo Verde vai ser ministrada por um especialista na temática e membro da Rede Laço Branco Cabo Verde e terá a duração 35 horas.

O objectivo final, conforme adiantou, é criar “núcleos laços branco”, ou seja, homens contra violência em todos os municípios do País, como forma de se ter homens e rapazes que poderão incorporar na organização a questão da igualdade do género.

“Vamos começar com as Aldeia SOS, precisamente, porque lá estão rapazes, para que possamos daqui a pouco ter homens com uma cultura de igualdade mais incutida”, disse.

Por outro lado, a coordenadora da SOS, Sona Canbé, disse que cerca de 27 jovens rapazes estão a beneficiar dessa capacitação, abrangendo assim as Aldeias SOS de São Domingos e as de Assomada, com o objectivo de os incutir novas atitudes que devem ter perante a igualdade de género e levando outro significado de ser homem.

“Durante muito tempo, vê-se que homem para provar que é homem, tem que adoptar uma postura nem sempre adequada em relação a sua parceira”, disse, acentuando que a formação visa consciencializar esses jovens rapazes que não precisam afirmar a sua masculinidade baseada na violência.

Segundo a organização, os riscos associados aos comportamentos derivados da “masculinidade tóxica” fazem, por exemplo, com que nas cadeias cabo-verdianas se tenha 1.567 pessoas presas, sendo que 1.521 são homens (97,1%) e 46 mulheres (2,9%) segundo o I Censo Prisional (2018).

A formação é promovida pelo ICIEG e a abertura será feita pelo representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo director nacional das Aldeias SOS, Dionísio Pereira, e pela presidente do ICIEG, Rosana Almeida

 

 

FONTE: INFORPRESS

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