Trabalhadores preocupados com salário em atraso e proposta para sua redução

Conforme a fonte deste jornal, os trabalhadores da TACV estão com dois meses de salário em atraso. «Isto configura que a empresa está a passar por uma situação financeira difícil», adverte.

O informante revela inclusive que está a circular uma proposta da administração, que quer reduzir o salário dos colaboradores, numa percentagem que vai de 5% a 35%, conforme o escalão: até 50.000$00 (5%), de 50.000$00 a 100.000$0 (15%), de 100.000$00 a 200.000$00 (20%), de 2000$001$0 a 350.000$00 (25%), de 350.001$0 a 500.000$00 (30%) e a partir de 500.001$00 (35%).

Questionado sobre os fatos referidos, o secretário-permanente do SITHUR, que representa a maioria dos trabalhadores, confirma que teve o conhecimento dessas informações por viárias vias – formais e não formais. Amílcar Neves revela que, numa reunião que teve hoje com o Conselho da Administração, foi informado das razões que terão estado na origem do atraso no pagamento dos dois meses de salário em atraso, admitindo inclusive que a situação de dificuldade por que passa a empresa possa levar a administração a pensar nesse cenário de redução salarial.

«Mas, por uma questão de ética, sobre este particular só falarei depois de uma reunião, para auscultar os trabalhadores, que convoquei para esta quinta-feira, na Praia», avança Amílcar Neves.

O sindicalista lembra, no entanto, que a redução salarial é ilegal e só pode avançar mediante acordo com os trabalhadores. «Vamos auscultar esta quinta-feira os trabalhadores sobre essa matéria. Na próxima quarta-feira, vamos levar a posição do colectivo à uma nova reunião com o Conselho da Administração da TACV», assevera o secretário-permanente do Sindicato de Indústria, Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo, que se mostra preocupado com a situação financeira por que passa a companhia aérea cabo-verdiana.

Excesso de pessoal, processo da privatização e renacionalização

Entretanto, a TACV, com 204 trabalhadores, está ainda com excesso de pessoal, segundo declarou à imprensa a presidente do Conselho de Administração da TACV, quando, em 17 de Maio deste ano, foi ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Nacional criada para analisar o processo da privatização da companhia de bandeira.

Sara Pires avançou que a TACV precisa dispensar 42 trabalhadores para poder manter o equilíbrio. “A empresa precisa ser redimensionada para fazer jus ao número de aparelhos que nós temos previsto operar. São três aparelhos e com isso registamos o excesso de pessoal que tem de ser dispensado. Nós priorizamos o acordo de pré-reforma e mútuo acordo. Despedimento será sempre em último caso”, afirmou.

Segundo a fonte deste jornal, a presidente do Conselho de Administração da TACV disse que o maior desafio da empresa é manter a companhia a voar, ainda mais agora com o aumento dos preços dos combustíveis. Mesmo assim, a administração da TACV está em processo de aquisição de um avião para retomar as operações para França, Brasil e os Estados Unidos.

De recordar que março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines – nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia de covid-19, o Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, e dissolveu de imediato os corpos sociais.

O dossiê continua na ordem do dia. Por isso, a Comissão Parlamentar de Inquérito, criada por iniciativa do PAICV (oposição), quer analisar este processo e a liquidação da operação da TACV nos voos domésticos, que desde novembro de 2016 passaram a ser assegurados apenas por uma única companhia aérea privada- Binter-CV/TAICV (agora BestFlay).

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