A professora cabo-verdiana Rosalina Tavares, atualmente residente no Brasil, anunciou a sua candidatura ao cargo de Reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Caso seja eleita, tornar-se-á a primeira mulher negra e africana a ocupar tal posição numa universidade brasileira, facto que considera ser “tanto um ato de reparação histórica quanto de democratização da gestão universitária”. As eleições estão agendadas para Março.
Segundo Rosalina Tavares, a sua candidatura decorre de uma extensa trajetória de formação académica e experiência de gestão na própria UNILAB. “Formação académica e experiência de gestão somam-se ao compromisso com a consolidação institucional da Unilab e à construção de uma universidade que efetivamente seja protagonista no ensino, pesquisa, extensão, inovação, arte, cultura e desporto”, afirma.
Tendo em conta que a Universidade foi criada no contexto de políticas de ação afirmativa, destinadas a reparar as injustiças históricas contra a população negra brasileira, bem como para promover a cooperação internacional com os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, Tavares reforça que a UNILAB “é inclusiva, destinada a jovens oriundos de categorias sociais historicamente excluídas do acesso ao conhecimento” e que, por isso, requer “representatividade étnico-racial e de género” na sua gestão superior.
Principais desafios e abordagem proposta
Rosalina Tavares entende que o maior desafio da UNILAB é cumprir as suas próprias diretrizes de ensino, pesquisa, extensão, internacionalização e integração. A professora acredita que, nos últimos anos, houve um retrocesso no desenvolvimento do plano estratégico da instituição, o que demanda uma forte mobilização de recursos para construir campi, residências e reforçar os programas de mobilidade académica.
“É preciso investir na diversificação de ofertas formativas mais competitivas, alinhadas à integração da Unilab na CPLP, como cursos nas áreas da saúde, das tecnologias de informação e comunicação, da proteção ambiental e sustentabilidade”, explica a candidata. Além disso, salienta a importância de parcerias com poderes públicos no Brasil e na comunidade CPLP para assegurar a permanência e acolhimento de estudantes de baixa renda, muitos dos quais africanos.